Congressistas do MDB também mostraram interesse no comando da estatal. Governo resiste a ceder presidência
A bancada de deputados e senadores do União Brasil está pressionando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a ceder o comando dos Correios ao partido. A mudança seria parte da reforma ministerial. Segundo integrantes da sigla, poderia ampliar o apoio ao petista no Legislativo.
O presidente dos Correios é Fabiano Silva dos Santos, de 47 anos. É advogado e foi indicado ao cargo pelo Prerrogativas, grupo de operadores do direito simpáticos ao presidente Lula. O coletivo atuou e segue atuando fortemente contra as acusações de processos da Lava Jato.
Fabiano é do Prerrô, diminutivo pelo qual o grupo é chamado. Tem relação de amizade com o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu. É conhecido como o “churrasqueiro de Lula”, pois costuma comandar a cozinha quando há alguma confraternização em que carnes são preparadas para o presidente da República.
O União Brasil entende que pela estatal estar sob o guarda-chuva do ministério das Comunicações, comandado pelo deputado Juscelino Filho (União Brasil-MA), seria uma maneira de ampliar a participação do partido sem desalojar nenhum ministro.
A estatal tem orçamento anual maior que R$ 20 bilhões. É superior ao orçamento de muitos ministérios. Além disso, a leitura no mundo político é que Fabiano está desgastado devido à derrocada nas contas da estatal. Sob seu comando, os Correios tiveram o maior prejuízo de toda a história. E não há indicativos que haverá mudanças na sua forma de conduzir a empresa.
Deputados e senadores do MDB também fizeram chegar no governo que têm interesse na estatal. Dizem que são o partido que mais entrega votos como proporção da bancada.
O pedido já chegou a Lula. Seus auxiliares, porém, dizem que há poucas chances de mudanças no momento. A equação é que o União Brasil não tem mais o que entregar, que a bancada não é coesa o suficiente e que não há mais espaço para o partido no governo.
SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA NOS CORREIOS
Os Correios enfrentam risco de insolvência, como revelou o Poder360. A atual gestão atribui a situação ao governo passado e à taxa das blusinhas, patrocinada por Fernando Haddad (Fazenda). Ignoram decisões controversas recentes. Eis algumas:
desistiram de ação trabalhista bilionária;
assumiram dívida de R$ 7,6 bilhões com a Postalis;
gastaram cerca de R$ 200 milhões com “vale-peru”.
Por causa da deterioração das contas da empresa, os Correios decretaram em outubro um teto de gastos para o ano, de R$ 21,96 bilhões. A definição foi informada aos gestores em 11 de outubro. O documento foi colocado sob sigilo. O Poder360 teve acesso. Leia a íntegra (PDF – 420 kB). Os Correios têm 84.700 funcionários.
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