Diogo Ramos Coelho volta às origens do Iluminismo para falar sobre as forças que hoje se opõem na arena global
A polarização que permeia o mundo contemporâneo é tema central de “Mundo Fraturado” (editora Matrix), livro do diplomata brasileiro Diogo Ramos Coelho, lançado em julho de 2024.
O livro, subtitulado “Uma reflexão sobre a crise da ordem liberal”, busca examinar as raízes históricas e filosóficas dos conflitos atuais, oferecendo ao leitor uma análise que se debruça sobre as dinâmicas de poder globais.
O conflito central: iluminismo vs contrailuminismo
Diogo estrutura sua análise em torno do embate entre 2 grandes movimentos filosóficos:
iluminismo – defensor da razão e da crítica como alicerces do progresso humano;
contrailuminismo – crítico das consequências do racionalismo exacerbado, movimento cujo marco é a obra “Crítica da Razão Pura”, de Immanuel Kant (1724-1804).
Essa dualidade de forças, que Diogo descreve como iluminismo x contrailuminismo, tem ressonâncias contemporâneas ilustradas nos conflitos entre democracias liberais e regimes iliberais, como exemplificado por Fareed Zakaria em seu famoso alerta (para assinantes) de 1997.
Diogo, no entanto, opta por “iluminismo” e “anti-iluminismo” como termos menos carregados de conotações econômicas ou ideológicas no contexto brasileiro.
“Vivenciamos batalhas políticas que ameaçam a sustentação da democracia e do Estado de Direito no Ocidente. As ideias clássicas que fundamentam o nosso sistema político e econômico –a crença na democracia, na abertura, no diálogo político, nas liberdades individuais, na economia de mercado– têm sua origem no Iluminismo moderno. Hoje, essas ideias estão em crise e desafiadas. As pessoas cada vez menos confiam nas instituições democráticas tradicionais e nas elites que as administram”, disse ao Poder360.