À CNN, brasileira conta como foi captar imagens inéditas de um buraco negro

Aquela foto borrada do M87, o primeiro buraco negro registrado na história e divulgada em 2019, recebeu uma nova atualização nesta quinta-feira (13). O novo registro, chamado de Pōwehi foi feito a partir de uma colaboração entre cientistas do EHT (Event Horizon Telescope), um núcleo de cientistas, e de Lia Medeiros, pesquisadora brasileira do Instituto de Estudos Avançados dos Estados Unidos.

Em entrevista exclusiva à CNN, a cientista disse que a primeira imagem do M87 trouxe avanços muito positivos para a comunidade científica. “Foi um resultado muito importante e foi um resultado que realmente mudou como que a gente pensa sobre um buraco negro e como entendemos o que acontece com a matéria que tá em volta do buraco negro”, explica Lia.

Para conseguirem esse novo registro, os pesquisadores utilizaram dados de 2017 do EHT para compararem com as imagens atualizadas. Além disso, os cientistas contaram com a ajuda de algoritmos sofisticados e o uso de inteligência artificial, em um sistema chamado “Primo”.

Esse novo algoritmo é baseado em Inteligência Artificial, mas na verdade é a parte da Inteligência Artificial que é bem simples e fácil de entender. A ideia é que a gente está tentando preencher os lugares onde não temos dados e estamos fazendo isso por meio de satélites.

Lia Medeiros, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados dos EUA

 

A colaboração envolve o uso de sete telescópios que estão espalhados no mundo todo, com sede em 11 observatórios. A partir dos novos dados, a expectativa é que as imagens possam ajudar os pesquisadores para que consigam entender com precisão objetos astronômicos como o buraco negro Pōwehi.

Animação que demonstra a diferença entre os registros M87, registrado em 2019, com o registro desenvolvido pelos cientistas e o algoritmo Primo, de 2023 / Lia Medeiros

De acordo com Lia, a descoberta é importante porque a partir da nova imagem fica cada vez mais evidente que o Pōwehi é de fato um buraco negro.

Além disso, a pesquisadora contou à CNN que os cientistas estão analisando a nova imagem e esperam aplicar o algoritmo Primo ao buraco negro Sagitarius A* que está localizado no centro da Via Láctea. Lia ainda diz que a ideia dos pesquisadores é aplicar a tecnologia do Primo para ir além, observando outros objetos astronômicos. “A gente observou pela primeira vez em 2017, mas a gente também observou em 2018, 2021 e 2022. E a gente tá observando agora mesmo em 2023, então a gente também quer aplicar esse mesmo algoritmo para essas outras observações também.”, conclui a pesquisadora.

A cientista brasileira Lia Medeiros, responsável pelo registro do buraco negro Pōwehi em 2023 / Arquivo pessoal

*sob supervisão de Letícia Brito, da CNN em São Paulo

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Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/a-cnn-brasileira-conta-como-foi-captar-imagens-ineditas-de-um-buraco-negro/

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